Flor do dia, lição para vida
julho 30, 2009
Hoje eu ganhei uma delica flor
De um rosa-cintilante que eu jamais havia notado.
Uma flor apanhada no jardim da frente,
por onde eu paço cotidianamente.
Desconheço do nome de que a me entregou
mas vivo o mundo que em poucas palavras
o velho sábio mostrou.
– Queria eu viver noutro mundo!
E ele rapidamente me interogou ?
– E você atuo para que isso aconteça? E partiu….
Cada ação nos parece um grão de areia.
Mas do que são feitos dos grandes desertos e as belas praias?
Espaço mas fundo que existe
julho 20, 2009
Ao olhar esta fotografia de Gilbert Garcian imediatamete me lembre do belo trecho da obra Água Viva Clarice:
“Mas agora estou interessada no mistério do espelho. Procuro um meio de pinta-ló ou falar dele com a palavra. Mas que é um espelho? Não esxiste a palavra espelho, só espelhos, pois um único espelho é uma infinidade de espelhos. Em algum lugar no mundo deve haver uma mina de espelhos? Espelho não é coisa criada e sim mascida. Não são precisos muitos para se ter a mina faiscante e sonanbólica: bastão dois, e um reflete o reflexo do que o outro refletiu, num tremos que se transmite em mensagem telegráfica intensa e muda, insistente liquídez em que se pode mergulhar a mão facinada e retira-lá escondendo de reflexos desta dura água que é o espelho. como a bola de cristal dos videntes, ele me arrata para o vazio que para o vidente é o seu comapo de meditação, e em mim o campo de silêncios e silêncios.E mal posso falar, de tanto silêncio desdobrado em outros.
Espelho? Esse vazio cristalizado que tem dentro de si espaço para se ir para sempre em frente sem para: pois espelho é o espaço mas fundo que existe. E é coisa mágica: quem tem um pedaço quebrado já pode ir com ele meditar no deserto . Ver-se a si mesmo é extraordinário. Como um gato de dorso arrepiado, arrepio-me diante de mim. Do deserto também voltaria vazia, iluminada e translúcida, e com o mesmo silêncio vibrante de um espelho.
A sua forma não importa: nenhuma forma consegue circunscrê-lo e alterá-lo. Espelho é luz. Um pedaço mínimo de espelho é sempre o espelho todo.
Tire-se sua moldura ou a linha de seu recortado, e ele cresce assim como água se derrama.
O que é um espelho? É o único material inventado que é natural. Quem olha um espelho, quem consegue vê-lo vem se ver, quem entende que a sua profundidade consiste em ele ser vazio, quem caminha para dentro de seu espaço transparente sem deixar nele o vestígio da própria imagem – esse alguém então percebe o seu mistério de coisa. Para isso há de se suepreendIe-lo quando está sozinho, quando pendurado num quarto vazio, sem esquecer que a mais tênue agulha diante dele poderia transformá-lo em simples imagem de uma agulha, tão sensível é o espelho da sua qualidade de reflexão levíssima. só imagem e não o corpo. Corpo da coisa.
Ao pintá-lo precisei de minha própria delicadeza para não atravesá-lo com minha imagem, pois espelho em que eu me veja já sou eu, só espelho vazio é espelho vivo. Só uma pessoa muito delicada pode entrar no quarto vazio onde há um espelho vazio, e com tal leveza, com tal ausencia, de si mesma, que a imagem não marca. Como prémio essa pessoa delicada terá então penetrado num dos segredos invioláveis das coisas: viu o espelho própriamente dito.
E descobriu os enormes espaços gelados que ele tem em si, apenas interrómpidos por um outro bloco de gelo. Espelho é frio e gelo. Mas há a sucessão de escuridões dentro dele – perceber isso é instante muito raro – e é preciso ficar a espreita dias e noites, em jejum de si mesmo, para poder captar e surpreender a sucessão de escuridões que há dentro dele. Com cores de preto e branco recapturei na tela sua luminosidade trêmula .Com o mesmo preto e branco recapturo também, num arrepio de frio, uma de suas verdades mais difíceis: O seu gélido silêncio sem cor. É preciso entender a violenta ausência de cor de um espelho para poder recriá-lo, assim como se recriasse a violenta ausência de gosto da água.
Não, eu não descrevi o espelho – eu fui ele. E as palavras são elas mesmas, sem tom de discurso.”
pag 70 a 72
Mas que coisa louca é você
Que quando decido esquecer
Sem convite
Nem explicação
Entras pelo meus sonhos
Me fazendo delirar
Mas que coisa louca você é
A hora que digo
Também muda ficarei
Sem convite
Em petição
Adentras pelo meus sonhos
Me trazendo enfim
Seus lábios
Seus abraços
E o inspirar de uma canção
ina, caju
julho 16, 2009
Na tarde agreste que si alumia
Do céu imenso mar de cajuína
Fazia na boca sentir o sabor da sua
Mas o destino parece
É reservar-lhes apenas
Lágrimas finas
Mas a lembranças lindas
Se cristalina…