Maternidade

abril 25, 2009

Sim, eu transmiti o legado de nossa miséria! 

Deixei que de dentro de mim desenvolve o outro!

Dolorosamente exteriorizei um ser. 

Mas como é magnifico o poder da criação..

Antes mesmo de ver sua face, ainda em meu âmago, eu sentia seu tremor. 

Agora que escuto sua voz peço que os sofrimentos lhe sejam amenos

Que as lágrimas sejam poucas,

Que além das folhas secas existam flores coloridas em seu caminho…

 

JgL

abril 25, 2009

Escapo de minha própria razão,

quero apenas

as cores,

os odores,

as dores

e os sabores

das paixões.  

JCL

EU

abril 25, 2009

Antes,

prefiro viver o que penso 

a ter que deixar as traças, 

Ideias não concretizadas…

 

Não preciso ser compreendida

Não quero ser admirada 

Apenas quero ser 

e sou.

JCL

Escrever

abril 22, 2009

 

Escrever exige de mim todas as minhas forças, já que  a inspiração nasce sempre do âmago da minha angustia, quando a garganta esta fechada por nos. Mas é dolorosamente libertador,  já que das letras transcritas  me alcança a paz que afugenta minha dor.

 

JCL

abril 22, 2009

Para não sucumbir 

 vou enterrar seu cheiro,

apagar sua voz 

 

Pra vislumbrar o amanhã

vou  colocar numa caixa as lembranças

e joga-la no mar profundo do esquecimento. 

 

 

JCL

abril 21, 2009

Depois de um sonho tranquilo e leve. Levantei-me com o sol que começava a brilhar no horizonte. Com cuidado para não fazer barulho arrumei minhas coisas, uns livros, umas roupas e parti. O destino final que sabia bem: EU, o caminho é que era incerto. Como eram grandes as conquistas, o amor, e a paz, acabei os deixando para trás. Hoje acordei assustada, procurando como meu corpo o seu abraço….só encontrei lençóis… não queria abrir os olhos para ao menos ouvir sua voz que a cada movimento meu ficava mais distante, e quando abri os olhos, tarde de mais para entender o que me dizia: Justo agora, não desista agora! Estamos quase chegando lá.

JCL

abril 14, 2009

13/04/09

Do quarto de pensão, por entra a fresta da porta, vinha um suave perfume amadeirado e reluzia a luz do por-do-sol avermelhado.  Vestida apenas de um belo par de brinco de esmeralda, lá estava a espera aquela de corpo esbeltamente farto. Quinze horas e a companhia, toca como de curtume. Calmamente ela caminha até a porta. O barulho da chave girando na fechadura soa como um delírio. Ainda na porta, pega-a pelos braços, a beija delicadamente e sussurra leves palavras de prazer ao pé-do-ouvido…

…os corpos dançam entre os brancos lençóis de seda!

abril 12, 2009

“Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!

Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.”

 

Clarice Lispector